O Deficit Público e Outras Trapalhadas
Foi encontrado um erro no famoso “Relatório Constâncio”, sobre o deficit público português para 2005. Esta foi a grande notícia em Portugal ontem. Confesso que a minha primeira reacção foi de curiosidade e até um pouco esperança quando ouvi a notícia. Talvez as coisas não estivessem tão más. Talvez.
Entre as declarações de indignação da oposição e a excitação dos jornalistas e comentadores parecia que o caso era sério. Depois vieram os números. O erro aumentava o deficit em 151,4 milhões de euros. Afinal o deficit não é de 6,83%, mas sim de 6,72%. Não são trocos. Um erro destes é inadmissível. Mas face à situação do país é irrelevante e anedótico. Vi políticos e comentadores em delírio com uma diferença de 0,11% quando o deficit é mais do dobro do máximo permitido pelo PEC. Mais do dobro!
Eu sei que é a atitude mais “politicamente correcta”, porque é mais fácil desviar a atenção dos verdadeiros problemas e arranjar bodes expiatórios para as trapalhadas do costume do que explicar aos portugueses a verdadeira gravidade dos problemas com que nos deparamos e as suas consequências.
Resta-nos a consolação de que o deficit é ligeiramente mais baixo do que se pensava. Não que isso faça muita diferença ...