António Rosado no Instituto Franco-Português

Já nos habitou mal, bem, a esta presença forte e profunda que empenha em palco arrasando todas as possíveis dúvidas sobre o seu virtuosismo.
Desde há muitos anos que oiço o seu nome entoado pelos corredores das escolas de Música onde estudei. Mas de cada vez que consigo vê-lo em palco, no seu mundo, fico abismada.
Para mim, é sem qualquer dúvida o melhor pianista nacional da actualidade. Não só pelo rigor técnico e dinâmica de interpretação mas pela facilidade com que se envolve com a audiência como que criando uma cumplicidade entre o público e o seu esforço a sua maravilhosa capacidade artística. Acontece-me sempre não conseguir fechar os olhos quando escuto os seus concertos. Tenho que os abrir! Porque o seu movimento corporal, a sua expressão facial tudo isso faz parte da interpretação. O movimento dos dedos em simultâneo com estes factores são para ser observados, fazem parte da música. Por isso, não posso fechar os olhos pois estaria a perder parte da “obra de arte”.
Neste concerto, como não podia deixar de ser, o programa escolhido foi apropriado ao local e de muito bom gosto:
Claude Debussy
1º caderno dos Livros de Prelúdios
- Danseuses de Delphes
- Les sons et les parfums tournent dans l’air du soir
- Les collines d’Anacapri
- Le vent dans la pluie
- Des pas sur la neige
- Ce qu’a vu le vent de l’Ouest
- La fille au cheveux de lin
- La sérénade interrompue
- La cathédrale engloutie
- La danse de Puck
- Minstrels
Franz Liszt
- Balada nº2 em si menor
- Au bord de d’une source
- Paráfrase de Concerto sobre « Faust » de Gounod
Na primeira parte, António Rosado, entrou como que "a medo" tendo depois como que "desabrochado" após o terceiro prelúdio e aí sim demonstrando de novo a sua elevada qualidade. Mais uma vez "La fille au cheveux de lin" deixou-nos sonhar com uma planície serena por onde as vagas searas ondulam e aí sim pudemos fechar um pouco os olhos. Mas o prelúdio que devo devidamente enaltecer é sem dúvida La cathédrale engloutie - majestoso, sublime!
Sem pedal a mais, extremamente bem timbrado com uma melodia magnifica nos 4º e 5º dedos, Rosado deu-nos mais uma vez um Debussy impressionista e bem caracterizado.
Em relação à 2ª parte do concerto a nota máxima vai sem dúvida para a Balada em si m. Num ambiente mais romântico e virtuoso, típico de Liszt, Rosado mostrou uma interpretação poderosa e rápida, bem a seu gosto.
Como não poderia deixar de ser, ainda nos brindou com dois encore's onde brilhou, a meu ver, na interpretação de Chopin criando um degradé de sons enviezados por uma dinâmica muito apropriada a Chopin.
Magnifique Monsieur Rosado, Magnifique!
Biografia António Rosado (Gulbenkian) em:
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